Todo mundo que acompanha o nosso blog e o blog da Companheira Brogueira Taty sabe que nossa querida está com dengue ( e já está quase boa, ainda bem ). Na verdade todo mundo conhece um amigo do amigo do conhecido de alguém do trabalho que está ou tem um caso de dengue na família. Se não conhece, é só conversar com vizinhos, ou puxar papo com o dono do mercadinho, da padaria ou do açougue - sempre conhecem alguém que trabalha em hospital ou postos de saúde da região e a conversa é sempre a mesma - Tá cheio de gente com dengue na região. Só que a parada é a seguinte - você só vai ficar sabendo disso através de conversas informais mesmo. Se não me engano o Jornal da Tarde há mais ou menos dois meses noticiou o surto de dengue em São Paulo, mas não vi ou li mais nada a respeito. Portanto, vou contar pra vocês o que acontece aqui onde eu moro, segundo a minha própria experiência ( não é papo de vizinho ou de conhecido não ).
A minha saga contra o bichinho dos capeta começou ano passado - todo ano tem campanha para prevenção da dengue e desde que eu me casei e tenho minha própria casa eu sigo o exemplo de minha mãe, que sempre cuidou direitinho de casa para que não houvesse focos do mosquito - o meu cuidado redobrou quando tive a Clarinha - fiquei até meio neurótica ( como de costume ) e todo santo dia eu faço uma varredura na minha lavanderia em busca de algo que possa se tornar um foco e não tenho plantas ( por não saber cuidar ), o que já é um problema a menos. Torro o saco de MD para olhar a calha, enfim, essas coisas que eu acho que todas as pessoas deveriam fazer.
A minha surpresa é que mesmo com todos esses cuidados, contando de Janeiro até agora, já devo ter matado uns 10 mosquitos iguaizinhos aos da fotinho aqui em casa. Como fiquei assustada, resolvi ligar para a prefeitura para saber se havia alguma solução para o problema. Pois bem, depois de 10 minutos de espera na linha, atende uma pessoa com a vontade típica dos funcionários públicos. Explico a situação, falo que tenho bebê em casa e tal. Para a minha surpresa, eu ouço da atendente - "Bom, pelo seu endereço averiguei que esta tendo surto de dengue na sua região e que você tem que cuidar da sua casa, extinguindo possíveis focos do mosquisto" - Aí eu explico - eu já faço isso, mas não sei os meus vizinhos - será que não é o caso de vocês mandarem um agente aqui na minha rua para averiguar o problema?" - A atendente, de novo - "Sra, eu só posso mandar um agente na sua residência - os vizinhos precisam pedir a nossa presença - seria mais prático a Sra conversar com os seus vizinhos" - Agora um adendo - quem, em sã consciência vai bater na casa do vizinho e falar pra ele cuidar melhor do seu quintal? Ainda mais eu que já tenho o apelido de Lúcifer aqui na rua? Se eu fizer isso, eles acendem tochas e tocam fogo na minha casa! Voltando - eu digo "Tudo bem, mas você pode mandar um agente aqui na minha casa - talvez eu esteja fazendo algo errado, não custa conferir, já que se trata da saúde da minha família" A atendente - ( com a maior "boa vontade" do mundo e trabalhada no gerundio também) Vou estar enviando um agente em sua residência. Eu - em quanto tempo? A atendente - não posso precisar tempo, estamos com muitas ocorrências. Eu, já quase mandando-a àaaaaquele lugar - Ok, o que eu faço enquanto isso? Rezo? Ela - então, use repelentes elétricos onde a sua filha costuma ficar 24 hrs por dia.
Bom, isso foi em janeiro - quando os agentes vieram? Em Março! Todos muito bem educados como sempre - causariam inveja aos fiscais do capeta! Entram na minha casa, vasculham tudo para no final dizer - aqui não tem foco, pode ficar sossegada! E eu questiono - mas e os mosquistos que volta e meia aparecem? Ah, quanto a isso a Sra. tem que falar com os vizinhos. E foram embora.
A que conclusão podemos chegar depois de tudo isso? Todas as propagandas de combate a dengue veiculadas na TV e radio de pouco adiantam. A maioria das pessoas não está nem aí mesmo - é aquela velha história - só começam a ligar quando é com eles ou com a família deles. Outra coisa - a fiscalização não existe. A atendente deixou claro que onde eu moro está com problemas quanto ao assunto, mas você não vê agentes e nada sendo feito. E quando procura os seus direitos é tratado como estorvo. Eu acho que deveria ter multa para quem tem foco do mosquito em casa, sério mesmo. Já que propaganda e bom senso não funcionam, que doa no bolso pois para algumas pessoas é o único lugar que as afeta, mas mesmo que houvesse multa, cadê os agentes para fiscalizar e multar? Acho que se neste caso ia chover agente, mais ou menos como acontece com o transito.
O que eu faço diante de tudo isso? "Rezo", encho a minha casa de repelentes e continuo pagando os meus impostos todos em dia, voto, pois tenho que exercer o meu dever de cidadã senão perco alguns dos meus poucos direitos, continuo usando o bordão ridículo "Sou Brasileiro e não desisto nunca" - continuo nada, pois acho este bordão o mais desprezível de todos - eu prefiro "Sou Brasiliero e já desisti faz tempo". Não pensem que eu sou mais uma pessoa que não cumpre os seus deveres e mete a boca no governo não - alias, já disse lá em cima - as pessoas também tem que fazer a sua parte, mas acho também que os responsáveis devem cumprir a sua, que é, no mínimo fiscalizar e dar assistência adequada à quem precisa.
Beijos!
Sah